quarta-feira, 14 de julho de 2010

terça-feira, 13 de julho de 2010

Dia Mundial do Rock n´ Roll

Viva! o dia mundial do rock, som, música, estilo e gênero extremamente democratico e plural, oriundo de uma mistura eletrizante entre o jazz (africano) e blues (americano), que rapidamente se associou quase que por osmose a luta pela liberdade de comportamentos, moda e atitudes, sua expressão comtemplou uma forte conscienciência política e histórica, pesado, melódico, trash, punk, psicodelico, na verdade podemos dizer que do barulho da guitarra alta teve gênese a uns dos mais insteressantes instrumentos da invenção humana iniciando assim, uma nova era da humanidade, a "era do Rock n´roll" (Rafael agostinho)

domingo, 11 de julho de 2010

Contribuição ao estudo sociológico dos mercados Nagôs do Baixo Daomé.(Pierre Verger, Roger Bastide)

O texto repercute a constituição do mercado africano, pormenorizando em sua riquíssima descrição os seguintes aspectos norteadores de sua compreensão; sua estrutura e os diversos tipos de mercados e comercio, sua organização social e a compactação de sua rede social, o cotidiano urbano e rural, a relação de gênero no trabalho, a relação econômica entre os compradores e vendedores dos mercados, a chegada desse tipo de mercado e comercio na América pré-comlobiana Portuguesa e Espanhola e a influencia da industrialização e a construção de estradas no transporte e na ligação dos mercados, este ultimo ponto, tem forte ressonância no mercado e nas distintas sociedades africanas do baixo do Daomé, mas especificamente sobre os povos Seketé-ketu e os de influencia Ioruba, formadora da nação nagô.
O Pierre Verger, de principio argumenta que coexistem diferentes tipos de comercio e mercado presente no cenário africano, colocando numa ótica tradicional do ponto de vista conceitual, o mercado da África, aonde a compra e a venda dos produtos se realizam dentro do mercado e não no local da produção, tornando-se distinta da formação dos mercados europeus, pois a negociação ocorre diretamente entre o vendedor e o comprador, sem intermediários, pois os vendedores vêem muitas vezes a pé, de ônibus ou caminhão, carregando sua própria mercadoria, e é proibido a comercialização anterior ao local do mercado, protegendo assim os pequenos comerciantes e equilibrando a livre concorrência, os preços na maiorias das vezes é fixo num determinado mercado.
Há também de explanar a existência de diferentes tipos de mercados; o grande mercado, que acontece geralmente durante o dia, que reúne uma grande concentração populacional de distintas regiões e etnias realizados a cada 4 dias, fixada num determinado local de acordo com dia de determinada divindade da religiosidade tradicional africana, assim, cria-se uma grande rede de mercadorias, informações e inter-relações culturais entre as mais distintas etnias africanas, existem também um mercado noturno, voltado para o comercio de refeições e pratos prontos e para os solteiros que por não terem uma esposa aproveita a oportunidade para realizar suas vendas e compras, abrindo espaço também para os que não tiveram a oportunidade de venderam sua mercadoria durante o dia, tem-se também os mercados regionais, voltado para atendimento da vizinhança durantes os outros três dias em que não acontecem o grande mercado na sua cidade especifica, e por ultimo, a existência de mercados locais de barracões, geralmente feito por mais velhos, que geralmente não tem condições físicas de carregar suas mercadorias no circuito dos 4 dias de grande comercio entre as cidades diferentes e acabam colocando sua tenda no quintal ou próximo de sua casa.
Pierre Verger, pautando-se numa perspectiva sociológica, estuda a influencia do mercado itinerário de quatro dias dentro do arquiteto ideológico tradicional das sociedades africanas, que baseadas nas linhagens e as nas suas narrativas de origem evocadas através dos orixás de cada etnia presentes no mercado, estabelece um organização social complexa do mercado, a existência de leis próprias, que apesar de existir o policiamento do estado para o cumprimento das regras do mercado, (exemplos, venda de produtos fora do mercado, comprar sem ter recurso financeiro, etc) é de costume respeitar as leis dos mercados que são geralmente fecundadas com a religião, ou seja, a punição vem da própria divindade, que variam de região para região, a principal divindade evocada no comercio e no mercado africano é Exu, o deus da transição, aquele que abre e fecha as portas nas passagens entre o mundo material e espiritual. Assim são feitos várias manifestações de adorações e presentes dados para os orixás, tendo em visto o sucesso no mercado.
O espaço ocupado dentro do mercado é direcionado pela etnia que pertence o vendedor em questão, e o tipo de produto comercializado por ele, formando blocos de mercadorias dentro do mercado, exemplos, vendedores de carnes numa área, de tecidos em outras, consertadores de bicicletas em outras partes do mercado e assim posteriormente com os outros produtos, existe também uma divisão do trabalho nas sociedades africanas que coloca a mulher como a principal articuladora do comercio (mas não somente ela, pois os homens também comercializam), pois é ela a responsável pela venda dos produtos colhida nas plantações, (trabalho geralmente realizados pelos maridos) e compra os alimentos para a família. Essa independência da mulher representa uma forte característica das sociedades de origem ioruba.
Essa produção feita nas fazendas é sancionada de acordo com as estações e são compartilhadas durante todo ano, assim, por exemplo, o óleo de palma, produto típico da região, tem uma produção controlada para que a renda produto dure para todo o ano, o homem tem sua renda através da venda de sua plantação para sua mulher que vendem o produto no mercado e compra outros produtos para sustentação da família, trata-se de um sistema econômico e social tradicional pautado nos costumes e nas crenças dessas sociedades.
Contundo o principal enfoque de Pierre Verger, sobre o cenário do mercado africano, ficou por parte da constituição das redes sociais, esse deslocamento de mercadorias, pessoas e informações, torna-se um contrapeso essencial para relações sociais na África, que segundo Pierre Verger tem uma forte estrutura de compartimentalização, ou seja, diversos grupos humanos ligados a sua linhagem e sua narrativa de origem, no qual sua relação com outro é mediado por essa ancestralidade, nem mesmo a colonização e o sentimento de nação conseguiram destruir a cultura da ancestralidade africana ligada a religiosidade de seus orixás, contundo nem sempre esse relação entre esses grupos humanos foram solucionados ou travados pelo conflito, como explica a tendência dispersadora, como cita Verger ao mencionar a teoria de Durkheim, sobre as relações e os contatos sociais.
Entretanto, lembrando que essa compartimentalização também pode levar a alianças e concentrações, e neste caso, o mercado africano seria o ponto de dialogo e junção dessas etnias de forma pacifica mediada por leis, organizações e costumes sociais respeitados por todos que freqüentam o mercado. O mercado é elo de estabilização das sociedades africanas e é lá que as culturas se misturam e se mesclam com as inovações, mesmo que nunca se perda de vista a tradição, acontecendo de forma gradual e progressivamente, exemplo, as constantes mudanças na moda de roupas das mulheres africanas freqüentadoras dos circuitos do mercado, portanto trata-se de uma estrutura social fundamental, pois também representa uma espécie de “jornal” social, ou de “jornal vivo” para usar as palavras de Verger, pois as informações sobre o cotidiano são rapidamente espalhadas pelos mercados afora, o encontro no caminho de uma cidade para outra de famílias, criam uma verdadeira redes de informações sobre os eventos acontecidos numa determinada região, exercendo também sobre outro ponto de visto, um controle social sobre a vida de cada grupo pertencente a aquele mercado, assim, quando temos acontecimentos privados, como casamentos, festas de divindades de determinadas etnias, nascimentos de filhos, existem ritos ou cerimônias que identificam para todo o mercado um determinado evento social na vida de cada participante do mercado, a função do mercado é de a mesmo tempo de junção, estabilização e concentração e conseqüentemente de controle social sobre a vida privado dos indivíduos que participam dessa rede social fomentada.
Porém essa estrutura do mercado africano vem sofrendo forte impacto com o processo de forte industrialização ocorrido no pós-colonianismo (do século XIX) a compra de mercadorias passou a se dar diretamente no local da produção, acabando a relação comercial entre o homem e a mulher (plantador e vendedor), e a produção voltada para máxima eficiência e exportação acabou com o regime de agricultura sancionado que gerava renda durante quase todo ano para as famílias africanas, assim só resta a compra e venda de produtos, como única maneira de gerar riqueza.
A intensificação das construções de estradas vem diminuindo os espaços entre os grandes mercados, portanto influenciando diretamente na rede social estabelecida de 4 dias de mercados, que devido a grande mobilidade o comercio começa ser realizado em menos tempo, ao mesmo tempo enfraquece os mercados regionais que geralmente ficam com alguns vendedores que não tiveram sucesso durante o dia, além disso vem provocando uma onde de atravessadores que compram a mercadoria diretamente do produtor e vem vender no mercado com outros produtores.
Na América Pré-colombiana, o mercado africano formada em redes sociais não pode ser reproduzido devido à estrutura socioeconômica em que se estruturou boa parte da América, como exemplo o caso da região de colonização Portuguesa, que voltada para agra exportação, tinha no latifúndio sua organização social, onde as cidades geralmente portuárias ficavam muito longe da área rural e o comercio urbano era muito restrito, na Bahia, as baianas que carregavam seus produtos em cestas nas cabeças e montavam tendas de produtos alimentícios como o acarajé, feito de óleo de dendê, representa a herança do mercado local africano, tipicamente realizado nas ruas ou ao redor da casa grande.

Referência:
Verger, Pierre, Bastide, Roger, Contribuição ao estudo sociológico dos mercados Nagôs do Baixo Daomé.

domingo, 14 de março de 2010

Violência: Conceitos, reflexões e soluções para o âmbito escolar brasileiro.

Violência: Conceitos, reflexões e soluções para o âmbito escolar brasileiro.


O assunto violência dentro da sociedade atual brasileira, sempre é visto como um problema diretamente ligado à má educação, especialmente nas esferas das escolas públicas do Brasil. No entanto quando se leva este assunto para a discussão e o debate dentro da escola e da sala de aula, é categórico, no caso; professores, coordenadores e diretores, que o entrave está fora da escola, se querem dizer, advinda de um meio social, que proporciona e propaga a violência no seu dia a dia.
Essa contradição vigente do qual carrega um problema para um determinado lado nos tem trazido para um caminho que visto somente por uns dos lados não trará solução para o problema. Um grande pedagogo chamado Paulo freire[1] nos traz na sua didática a necessidade da escola como meio social, sempre tentando trazer os problemas da realidade para dentro da escola, abordando e analisando sua realidade de forma crítica, no qual essa conscientização é o melhor caminho para se educar essa sociedade. Portanto não é a escola se afastado que irá resolver, mas sim enfrentando-la, pois seu papel instrutor da sociedade não pode ser esquecido para apenas um repassador de conhecimentos ou como nas palavras de Paulo freire, de um “ deposito bancário” de conhecimento, como que se vai a um banco.
Com isso podemos dizer que à medida que a escola se virá para os problemas sociais vigentes, por exemplo, dentro de sua comunidade, ela estará simplesmente se afastando do seu papel formador e contribuindo também para que a violência se concretize ainda mais no seu meio, portanto, a escola também é um meio de transpor a violência na medida em que está se omitem em seu papel interno.
A realidade externa, é lógico, necessita de atenção especial por parte deste problema, pois no neoliberalismo do qual a nossa atual sociedade está inserida, por onde ideologia capitalista de dominação se propaga dentro do inconsciente da maioria da nossa população, colocando-se exatamente na formação dessa desigualdade de renda tão exposta no nosso cotidiano, nós dá sempre uma briga, uma confrontação, entre varias classe sociais por interesses precisamente individualistas do qual a harmonia social é sempre algo muito difícil de intensificar na medida em que a desproporções econômicas e os interesses estritamente individualistas de classes se assimilam. Portanto, teremos neste conjunto o que acaba se tornando praticamente uma “guerra invisível” a nossa vivencia, por onde a violência se propaga em suas diversas formas; física, verbal, social, cultural. Então essa briga por elevação ou para os saudosos Marxistas essa luta de classe vigente no nosso meio social, e sem dúvida um pavio de pólvora que só não explodi pelo controle contornado desta ideologia, do qual, todos nós podemos alcançar a mesma elevação de prestigio social pelo esforço pessoal. No entanto, o meio de conseguir é mais fácil pra uns que pra outros, aonde isto é simplesmente colocado numa espécie de “embaixo do tapete”, e passando a ilusão que todos tem a mesma oportunidade para tudo.
Contudo não estamos preocupados aqui em explanar as armas deste sistema para que se mantenha firme e predominante dentro de um contexto global, mas sim que ela nos traz motivos geradores de violência para o meio que vivemos e que esses problemas são refletidos diretamente dentro da sala de aula, a grande pergunta fica, como lhe dá com essa violência exposta dentro da sala de aula? Como combater e ajudar para uma busca de solução pra este problema?, Digamos de passagem que não está só na escola, mais em todo o meio é que vivemos.
Portanto não é fugindo e nem ditando regras e normas rigorosas de punição como; suspensão de aula, expulsão da escola e outros fins, que se conseguirá a solução, pois se não combatermos com seriedade a problemática da violência dentro da escola ou da sala de aula, está, a escola, se tornará mais um local de explanação da violência.
Antes de responder estas perguntas, temos que deixar transparente aquilo que conceituamos e classificamos do que seja violência. No excelentíssimo texto de Alba Zaluar e de Maria Cristina leal; violência extra e intramuros se explana alguns belíssimos conceitos para o que se designa a ser a essência da violência. Fazendo-se uma síntese sobre varias teses, do qual veremos que a violência é um conceito extremamente heterogêneo e suas diversas formas de exposição dentro da nossa sociedade, isto nos mostra a complexidade do assunto que estamos abordando.
De principio o texto abordar os conceitos de violência que está diretamente ligado a relação de poder, isto que dizer, na medida em que um sujeito passa a ter um determinado poder sobre outro em sua execução de dominação sobre o outro, a violência passa a ser neste caso o meio ou mecanismo que este individuo tem como expressão de seu poder, que neste caso seria a sujeição do outro.
Quem compartilha com essa idéia é nada menos que dois grandes teóricos chamados: Michel Foucault e Pierre Bourdieu só para ratificarmos o que estamos dizendo colocaremos a citação explicita no texto de Zaluar e Cristina que já foi tirado do texto de Tavares dos Santos;

“Podemos, deste modo, considerar a violência como um dispositivo de excesso de poder, uma pratica disciplinar que produz um dano social, atuando em um diagrama espaço-temporal, a qual se instaura com uma justificativa racional, desde a prescrição de estigmas até a exclusão, efetiva ou simbólica. Esta relação de excesso de poder configura, entretanto, uma relação social inegociável porque atinge, no limite, a condição de sobrevivência, material ou simbólica, daqueles que são atingidos pelo agente da violência. ( Tavares dos Santos et al., 1998. IN Zaluar pg: 148)[2]

Entretanto e ainda seguindo essa relação de poder e violência, Pierre Bourdieu formou um conceito especifico para uma determinada característica da violência, ou aquela que se perpetua através dos símbolos, ou melhor, da linguagem, que executa ideologicamente a sujeição do outro, e isto é, o que é feito pelo estado na sua busca pela a harmonia da convivência social, do qual as diferencias que estão claramente expostas para todos são pacificamente aceito por uma idéia de dominação, seria uma espécie de conformismo regulamentado. O que Bourdieu classificou de Violência simbólica. E só pra ratificamos mais uma vez colocaremos um citação de Zaluar e Cristina tirada diretamente do texto de Bourdieu, no qual ele explana o seguinte:

“ (...) poder de construção da realidade, que tende a estabelecer (...) o sentido imediato do mundo ( e, em particular, do mundo social), supõe aquilo que Durkheim chama o conformismo lógico, quer dizer, uma concepção homogênea do tempo, do número, da causa, que torna possível a concordância entre as inteligências. ( Bourdieu, 1989. pg 9 IN Zaluar, pg 148 e 149)[3]

Esta violência simbólica, ou melhor, aquela que se explana pelos símbolos da linguagem e que determinar o poder e regulamentação do meio social, nos remete para uma reflexão do papel da educação dentro da nossa sociedade. Um belo texto que abordar está parte entre a filosofia e educação na prática é o de Cipriano Carlos Luckesi[4] no seu intitulado livro: Filosofia da educação, do qual aborda três funções explicitas para a educação dentro da sociedade; a redentora, a reprodutivista e a transformadora. A primeira, a redentora, vê na educação uma instância quase externa à sociedade, pois, de fora dela, contribui para o seu ordenamento e equilíbrio permanente. A educação nesse sentido tem por significado e finalidade a adaptação do individuo a sociedade. Já a segunda, a reprodutivista, vê a educação totalmente contrario a primeira, no qual, para ela, a educação é restritamente um fruto do seu meio social, portanto, é a própria sociedade que da forma a essa educação, pois deve se reproduzir para manter-se, e a educação é o meio reprodutivo da nossa atual sociedade, já a terceira, a transformadora, tem por perspectiva compreender a educação como mediação de um projeto social. Ou seja, por si, ela nem redime nem reproduz a sociedade. Essas três funcionalidades filosoficas da educação nos levam a pensar em quais delas seria possível à solução para tratar com a violência dentro do âmbito escolar, mas antes de irmos pra parte chave da resolução deste artigo, voltemos pra parte da conceituação do que seja a violência.
Outro grande teórico chamado Georg Simmel, que é um especialista na temática do conflito, vê a sociedade regulamentada justamente por conflitos, pois são estes que criam as normas e as regras que socializar os opostos, que dizer, o embate entre as diferencias sociais não é um violência de imposição de poder, mas sim o meio que cria as regulamentações sociais comuns entre os opostos, portanto, a violência estaria neste caso na extrapolação destas regras que visaria a destruição por completo do outro, quanto física, quanto psicologicamente, Vejamos de novo, nas palavras do teórico a sua tese envolvente a conflito, e o comentário feito por Zaluar e Cristina:

“ Nesse sentido, o conflito contribui para a regulação social, para a invenção de normas e de regras comuns aos partidos em causa, baseadas em idéias partilhadas de justiça, respeito mútuo e espírito esportivo.” ( Simmel, 1995 IN Zaluar) “O autor exclui dessa concepção de conflito socializador as manifestações extremas de violência que não poupam o adversário e tem por objetivo a sua destruição moral, psicológica ou física.” (Zaluar, pg: 150)[5]

Contudo as conceituações de violência ora como simbólicas ou ora como extrapolação da socialização dos conflitos, nos dão uma concepção de que a violência é um mecanismo do meio social, porém essa violência que impera no psicológico não é única a criar um consenso comum social, ou esquecemos que as nossas grandes mudanças de transformações sociais ocorreram através de uma violência física, no sentido literal da palavra, a força bruta, como por exemplos; as guerras mundiais ou a queda da ditadura do Brasil ou a instalação de um regime democrático, tudo isso foi decidido através de lutas que possuem sim um caráter psicológico, mas que sem a força bruta e sem a manifestação da violência física seria impossível de terem acontecidos, Como nos ratificar Zaluar e Cristina na seguinte citação:

“ Pois a violência física ( e não a simbólica) sempre foi empregada, no Brasil e no mundo, para forçar o consenso, defender a ordem social a qualquer custo, manter a unidade ou a totalidade a ferro e fogo” (Zaluar, 1999, pg: 150)[6]

Com isso podemos englobar o conceito de violência em duas esferas bem definidas. A primeira seria a violência psicológica, que incluiria quanto as Teses Michel Foucault, Pierre Bourdieu e Georg Simmel, numa abordagem subjetiva mais que se concretiza nas relações sociais, Já a segunda seria a violência física, expressa diretamente pela força bruta, mesmo que seja guiada pela psicológica não se torna menos importante na formação de senso comum nas relações sociais.
Contudo apresentado um resumo do que seja a violência será necessário respondemos as perguntas que fizemos logo de inicio, de como abordar a violência num sentido de tentar diminuir esse problema na escola e na sala de aula.
Já que explanamos a complexidade do problema, e vimos que este vai além dos limites da escola do qual estamos abordando, mexendo com toda uma estrutura de condicionantes, como: a política, a economia, a sociologia e a psicológica dos indivíduos dentro dos modos em que estes, os indivíduos, se estabelecem.
Iremos, portanto particularizar agora apenas num ponto, a escola no Brasil. O retrato das escolas brasileiras especialmente e precisamente as publicas é de plena precariedade, a falta de recursos institucionais é visível em qualquer escola que se for visitar, além disso, as grandes partes dos freqüentadores ou da população destas escolas vêem das periferias dos seus municípios, e enfrentam diretamente a desproporção econômica e a violência simbólica que explicamos, no qual estes se relutam por uma tentativa de crescer socialmente, já que acreditamos que as pessoas que vivem por exemplo nas favelas do estado de Rio de janeiro sonham na sua ambição eleva-se socialmente, por onde estas procuram soluções possíveis para que isso se possa acontecer, a escola neste caso, teria que se apresentar como solução para esta comunidade, atendendo-se assim aos desejos locais, e por isso, quando a escola se omitem desta compreensão da realidade que se situa, o que se ocorre é a procura por outras meios de elevação social, já que o desejo não acaba por causa somente que a instituição escolar não pode dar, a ir que surge por muitas vezes filosofias diferentes que pode quebrar as normas e regras do conflitos socializantes de Simmel , formado assim a violência dos traficantes de drogas, gangues de ruas e outras organizações, que criam o próprio mecanismo paralelo de elevação social independente da regulamentação jurídica atual, em outras palavras, na ilegalidade, que sugam os indivíduos destas localidades com mais sucesso do que a escola por exemplo. É preciso nessas localidades, criar ações de inclusões sociais fortes que de a esta comunidade a possibilidade de se elevar socialmente por um caminho de educação que acumule conhecimentos, não quantitativos, mas sim qualitativos, querem dizer, críticos de sua própria realidade e conhecedores daquilo que os reger, para que possam adquirir assim a possibilidade de transformação, e para que possa ter consciência, por exemplo, da ideologia que os dominam e os remeter para essa ansiedade por capital.








Conclusão
A solução que propomos seria um pouco da didática libertadora explanada por Paulo freire, levando para dentro da sala de aula e pra escola os problemas da realidade ligada diretamente com uma análise epistemologicamente dos problemas. Entre eles, principalmente, a violência. Junto com as idéias de Paulo freire, colocaríamos para fazer uma coligação a ultima tendência filosófica explanada por Cipriano, do qual, a educação tem que ter uma função transformadora do ser e não apenas formadora essas junção daria para educação um caráter crítico e ao mesmo tempo transformador dos indivíduos, porém sabemos que, o que propomos, é apenas uma proposta de abordagem determinada para especificas situações, não temos aqui um laboratório virtual para testamos os efeitos globais de que supomos, pois estamos tratando de hipóteses, mais não poderíamos apresentar o problema sem deixamos nenhum tipo de solução, pois poderíamos até ser imparcial, porém seriamos incompletos.


Bibliografia básica

FREIRE, Paulo, Pedagogia da autonomia, Paz e terra, São Paulo, 1996.

CIPRIANO, Carlos Luckesi, Filosofia da educação, Editora Cortez, São Paulo, 1994

ZALUAR, Alba, LEAL, Maria Cristina, Revista brasileira de ciências sociais, vol: 16, n:45, Violência extra e intramuros, 2001.









[1] FREIRE, Paulo, Pedagogia da autonomia, Paz e terra, São Paulo, 1996.

[2] ZALUAR, Alba, LEAL, Maria Cristina, Revista brasileira de ciências sociais, vol: 16, n:45, Violência extra e intramuros, 2001
ZALUAR, Alba, LEAL, Maria Cristina, Revista brasileira de ciências sociais, vol: 16, n:45, Violência extra e intramuros, 2001

[3]
[4] CIPRIANO, Carlos Luckesi, Filosofia da educação, Editora Cortez, São Paulo, 1994

[5] ZALUAR, Alba, LEAL, Maria Cristina, Revista brasileira de ciências sociais, vol: 16, n:45, Violência extra e intramuros, 2001

[6] ZALUAR, Alba, LEAL, Maria Cristina, Revista brasileira de ciências sociais, vol: 16, n:45, Violência extra e intramuros, 2001

terça-feira, 21 de julho de 2009

Artigo publicado na história e-história (http://www.historiahistoria.com.br/materia.cfm?tb=alunos&id=146)

Opressão, repreensão e decadência: a saída de Nassau e os últimos anos da soberania holandesa pós-Nassau, 1644 a 1654.


por Rafael Agostinho Da Silva
Sobre o autor *


Introdução

O cenário da dominação holandesa no Brasil Contemplou eventos muitos importantes em sua época, Marcando traços profundos na história das então capitanias do nordeste Brasileiro, nas quais faziam parte; Paraíba, Pernambuco, Alagoas (sul de Pernambuco), Rio grande do norte, Piauí, Ceará e Maranhão.
Apesar de se tratar de um período curto dentro de uma história mais global, pois a dominação flamenga durou 24 anos (1630-1654), porém não podemos esquecer que a dominação flamenga tratou-se de um período de muita intensidade política, econômica, social e cultural que foi desenvolvida em uma específica região do território nacional (Nordeste).
O seu caráter traz para os historiadores uma característica fundamental para o debate sobre as histórias das colonizações, pois nesta ocasião houve uma “tentativa” de impor uma nova colonização a uma área que vinha sendo colonizada pelos portugueses desde meados do século XVI. Este fato demonstra a grande relevância que têm esse período e talvez a grande existência quantitativa de literaturas e trabalhos científicos que são proporcionados para essas duas décadas e meia de Brasil - Holandês.


A saída de Nassau (1644)

Recentemente talvez por modismo ou por grande influência de uma crescente pós-modernidade a maiorias dos trabalhos sobre a dominação holandesa se encaminham para uma abordagem unilateralmente cultural e fazem verdadeiros tratados sobre a influência cultural holandesa no Brasil e sua incompatibilidade cultural com os luso-brasileiros e com os portugueses que aqui se encontravam, apontando os aspectos diferenciadores dessa região como grande destaque e talvez de fundamental importância para a ruína desta “tentativa” de império holandês.
Destaca-se nestas análises principalmente os períodos que foram governados pelo príncipe João Mauricio Nassau, caracterizado pela maioria dos historiadores como o auge da dominação holandesa no Brasil. Seu governo teve fundamental importância pelos grandes investimentos colocados nos aspectos urbanos, arquitetônicos e culturais. Ressaltemos aqui as construções dos “seus palácios” de Friburgo e Boa vista e o seu grande incentivo a educação dos locais e dos índios Tapuyos.
Contudo este enquadramento por partem de nossos recentes estudos historiográficos foram o que deram gênese e o principal incentivo para a construção de nossa pesquisa histórica sobre o tema em questão. Ao apreciarmos a grande importância dada ao período de Nassau e toda “luz” em volta deste personagem, enxergamos existir certa “escuridão” sobre aquilo que vinha depois dessa fase. Emergindo-nos aqui a necessidade de entender os acontecimentos ocorridos entre “o auge” da dominação e uma possível “decadência”.
Neste artigo estamos procurando responder questionamentos e indagações de tipo; Como foi o período pós Nassau ou pré- insurreição pernambucana? Qual foi a organização política e a posição da república holandesa nesta fase? Houve uma continuidade ou ruptura correlação ao governo de Nassau?. Para responder este tipo de perguntas tínhamos que sair de todo um emblema de discursos e óticas culturais que a pós-modernidade tentar resgatar com grande veemência, buscando numa historiografia abordagens políticas e econômicas que foram de princípio tão predominante no início do século XX.
Dentro desta pesquisa encontramos três historiadores do qual colocaremos em questão para a compreensão do tema, que são; Flavio guerra, e os seus sintéticos livros; História de Pernambuco e uma aventura holandesa no Brasil, Pereira da Costa, em sua grande coleção dos seus; anais pernambucanos, no qual nos focamos no terceiro volume 1635-1665, e terceiro historiador, Hermann Wätjen em seu: O domínio colonial holandês no Brasil. Todos praticamente datam de um mesmo período historiográfico por voltam de 1930 e carregam as influências de uma história política e nacionalista característico de uma historiografia alemã Rankeana, apesar de já estarmos no berçário inovador da recente escola dos Annales em sua origem.
Partiremos de um ponto inicial para começarmos a entender este período, neste caso seria o evento gênese que marcou o inicio da década que estamos pesquisando, por isso iremos debatermos a necessária questão compreensiva de como decorreu à saída de Nassau do governo do Brasil holandês. Segundo Flavio Guerra a retirada do príncipe foi por motivos inteiramente políticos - econômicos que podemos enxergar nesta sua seguinte passagem:
Nassau começara aos poucos entrando em choque, se desentendo com os diretores da W.I.C. Não se coadunando com a sua administração os modos ambiciosos e puramente mercenários dos burgueses de Amsterdã. Passou ele a ser tratado como um perdulário, o “rico príncipe que queria ser imperador nas Américas”. E pressionado pelas impertinências e picuinhas, deixou o governo do Brasil holandês em 1644 regressando aos Países Baixos. (GUERRA, 1979, P.55)
A citação de Guerra resume em escala ampla aquilo que de ponto de vista generalizado se explana sobre a saída Nassau do governo do Brasil holandês, pois existe em ampla aptidão por parte dos nossos historiadores (brasileiros) certa admiração pelo Conde e Príncipe, principalmente, diga de passagem, pela sua grande capacidade administrativa de governar com certa paz e tranqüilidade uma região tão conflitante em seus máximos sentidos.
Pernambuco se tratava de uma região de grande diversidade social, na qual tínhamos; portugueses, negros escravos, luso brasileiros, índios e os próprios holandeses. Assim como a pós-modernidade nos aponta existia toda uma diferencia de modos, costumes, religiões e idéias que davam ao local uma espécie de “caldeirão cultural” que apesar de terem tido ocorridos algumas fusões culturais, as resistências por mais política que fossem acabaram se estruturando em “barreiras culturais” que travavam a homogeneização da região.
Portanto vem desta preposição a importância que se denotam para Nassau, como se fosse ele (Nassau) o homem capaz de amenizar essas diferencias possibilitando num período curto de tempo uma governabilidade “pacífica” a uma região no qual para conquistá-la foi necessária uma grande quantidade massiva de capital.
Não podemos esquecer que a conquista do Nordeste brasileiro gerou comprovadamente um grande débito a empresa comercial responsável pela administração da colônia, a W.I.C(companhia da índias ocidentais) A pouca importância mencionado a esta implicação é demonstrada de forma sintética pelo historiador Guerra na sua seguinte citação:
Com a saída do conde, pode-se dizer que desapareceu na colônia o principio de autoridade. Ele fora o único capaz de equilibrar os interesses da Holanda, sem ferir os da terra, mantendo a paz.(GUERRA, 1979,P. 55)
Essa fomentação de Guerra se baseia acima de tudo nos discursos que explanam o período de Nassau inter-relacionado a uma fase de “liberdade política”, econômica, social e religiosa, no qual o governo do príncipe Nassau proporcionou para superar a crise após a conquista do litoral nordestino, ou melhor, da recém Nova Holanda.
Nesta crise a maioria dos engenhos de açúcar tinha sido devastada e as plantações queimadas durante o processo de invasão, foram necessárias uma grande força diplomática para restaurar a principal economia da colônia, o açúcar. Isto nos é muito bem descrito pelo Wätjen na sua seguinte explanação:
Não era fácil tarefa para o governo Recifense com os insuficientes recursos postos à sua disposição reparar todos os danos causados pela guerra pernambucana, e satisfazer aos diretores em sua ânsia de lucros cada vez maiores. É de admirar, entretanto, que João Mauricio tenha, apesar de tudo, sabido insuflar um novo alento á economia agrícola estiolada e re-erguer a abatida prosperidade do país. (WÄJTEN, 1938,P. 196)
Contudo todo um discurso que Nassau reergueu as capitanias com bases nas mediações e negociações entre os locais e os interesses holandeses deixa por si, incessantes indagações e grandes lacunas para preencher ou então seremos levados a crê num equilíbrio social nos setes anos em que Nassau governou.
Entretanto em nenhum momento podemos esquecer que a dominação holandesa se tratava de uma invasão e que por mais que a diplomacia de Nassau tentasse equilibrar os direitos entre as diversas classes que existiam na Nova Holanda, os privilégios dos holandeses eram visíveis, porém seus atos faziam que esta opressão fosse “maquiada” ou amenizada, isto evidentemente deu uma governabilidade qualificada em correlação aos outros governos holandeses aqui administrados, afastando de seu regime o latente perigo que significava a idéia de dominação. Wätjen e Guerra nos ratificam isto através das suas seguintes citações;
Por mais que fosse ao encontro dos portugueses e procurasse grangear-lhes a amizade, João Mauricio guardava-se em todo caso de lhes confiar postos de responsabilidade, embora pudessem eles, como João Fernandes Vieira e Manoel Calado fazer parte do seu circulo intimo. Ouvi-lhes de bom grado o conselho. Mas em caso algum lhes era permitido ocupar posições em que se pudessem tornar perigosos á dominação holandesa. (WÄJTEN, 1938,P.203)
Pois, maior que fossem os benefícios oferecidos por Nassau aos pernambucanos, seria sempre os holandeses aqueles brutais invasores de linguajar estranho, religião antagônicas, idéias opostos, tudo enfim diferente da velha colonização lusa. O regime flamengo era duro, sem favores, e nunca o braço justiceiro e imparcial de Nassau pudera evitar os favores e as preferências a patrícios da Holanda.(GUERRA, 1979, P. 55)
Se a opressão de uma dominação foi amenizada neste período por Nassau, porém mesmo com todas suas ações “defensivas” ainda existiram muitas rebeliões libertadoras como a do maranhão de 1642, no qual, Nassau desesperadamente exigia urgentemente do alto conselho (Oficiais do centro da administração da W.I.C) mais capital para investir na reestruturação dos fortes, do aumento da tropa e no pagamento em dia dos seus soldos.
No entanto o seu pedido foi recusado com argumentos que Nassau havia gasto uma grande quantidade dos investimentos da companhia nas construções “pessoais” de seus palácios e na formação de uma “imaginaria” corte local. A solução dada do Alto conselho para Nassau era que ele procurasse arrancar juros da produção de açúcar, arcando sozinho com seu próprio governo, podemos dizer que essa reposta secretou a saída de Nassau de Pernambuco.


Junta governamental (1646-1654)

Após a saída de Nassau o Supremo Conselho do Recife assumiu o governo até 1646 onde houve uma reunião dos Estados Gerais para o qual nomearam cinco membros que formariam o alto conselho ou a junta de governo, presidido agora por Walter van Schonenborch. Como nos mostra Pereira da Costa;
Este conselho governou até agosto de 1646, quando foi substituído por um outro composto de cinco membros, com o titulo de alto conselho ou junta do governo, organizado pelo novo regimento de 10 de outubro de 1645 e aprovado pelos estados gerais, ficando nessa parte alterado o que foi dado a Nassau em 1636 (PEREIRA,1983,P.187)
O novo conselho recém nomeado tinha uma dura missão a cumprir. Primeiro tentar substituir o grande status social que Nassau atingiu durante seus os sete anos de governo, os relatos de Wajten (1938) relata que sua saída foi extremante gloriosa chegando a ser ovacionado pela população local que já via com maus olhos a mudança para um novo governo.
Segundo, o clima de rebeliões que voltava a paira na atmosfera da nova Holanda principalmente depois 1642, colocava este novo governo em alerta para possíveis conspirações ou a iminência de um ataque próximo.
As “liberdades dadas” e alguns privilégios compartilhados da época de Nassau foram reconsiderados pela Junta e colocados como “absurdos” para este novo conselho que necessitava de recursos para financiar os custos da colonização. Era necessário impor a ordem novamente para que assim pudessem garantir as safras anuías de açúcar.
Destes cortes de “liberdades” podemos apontar duas ações que tiveram fundamental importância e caracterizaram este governo pós-Nassau. Primeiro a liberdade religiosa, pois a maioria dos portugueses era católica e o fim de sua liberdade religiosa foi um banque moral muito grande para os colonizados.
Usando simplesmente a argumentação da imposição política o novo governo pós Nassau chegou ao extremo apontando e denunciando as igrejas católicas como base para a conspiração dos rebeldes, contudo o que se escondeu neste discurso foi à incapacidade da Junta Governamental de abafar os insurretos através da capitulação dos seus líderes, tomado atitudes que provocavam ainda mais ódio existente na população pelos holandeses. Flavio Guerra classificou a organização política deste período pós Nassau com as seguintes palavras;
Dirigidos novamente por um governo militar, os invasores retornaram a ser apenas dominadores, e desencadeou-se outra vez brutal a incompreensão entre os da terra e eles, que aumentou e tomou aspectos mais grave quando os judeus e protestantes voltaram a ultrajaras crenças, passando a fechar igrejas, devassar conventos, sacristias e até capelas de engenhos, onde se dizia estarem se reunindo conspiradores. Havia qualquer coisa de real nas suspeitas. Era o foco do irredentismo que começava a lavrar. (GUERRA, 1979, P.55)
Outro ponto que causou profunda rebelião nos moradores recifenses correlação ao novo governo foi o modo duro de como foi cobrado às dívidas que os próprios holandeses teriam ajudados os portugueses a criar no período de Nassau. Essas dívidas foram provocadas pelo processo de recuperação dos engenhos pós a guerra de conquista e que foram pagas através de empréstimos holandeses aos proprietários locais num preço de altos juros.
Nassau durante o seu governo vivia prorrogando o prazo para não criar convulsão e evitar assim que o sistema de produção de açúcar parasse, pois para Nassau isto sim seria muito preocupante para a Companhia. O que não aconteceu com o novo governo que procurou reaver esses capitais de volta usando da excessiva brutalidade nas cobranças destas dívidas.
Essas ações praticadas pela nova Junta contribuíram para intensificar as conspirações dos insurretos que começaram a se preparar com mais força, conseguintemente esta opressão resultou num aumento dos números de conflitos que necessariamente precisaria de mais capital para deter estes novos conflitos e principalmente para equipar o exército e pagar seus soldos.
No entanto em meio ao conflito o único meio de gerar capital acabou se paralisando neste tempo, pois a área comercial das cidades e essencialmente as produções de açúcar não conseguiram se estabelecerem produtivamente num período de guerra e como nesse tempo os estados gerais e a companhia não queria mais desperdiçar dinheiro com a colônia a Junta se enxergava isolada e sua manutenção dependia unicamente de seus esforços.
Nessa conjuntura existia uma grande desconfiança por parte da Junta de haver uma grande corrupção na emissão do capital, ou seja, desvios dos capitais dos acionistas vindo da Europa, com isso uma grave crise econômica estava sendo formada e por questão de tempo isto levaria na derrocada holandesa e na insurreição pernambucana.
Com base em tudo que já argumentamos podemos agora responder as perguntas que logo de inicio colocamos como “os holofotes da pesquisa”. Primeiro, o período pós Nassau foi de intensa opressão e muitos dos “favores” que Nassau tinha colocados em prática em seu governo foram abdicados, isto fruto de uma intensa necessidade de restaurar os cofres da companhia responsável pela administração da colônia na época, que vivia neste período em enfermo prejuízo.
Segundo, a organização política desta fase se caracterizou por cinco membros nomeados pelos Estados Gerais dos países baixos que assumiram uma posição extremamente opressora de cortar gastos com administração local tendo agora a junta local à obrigação de arcar sozinha com suas despesas.
Terceira e ultima indagação que fizemos foi sem houve ou não ruptura em correlação ao governo de Nassau, podemos afirmar aqui que houve mudanças nos modos mais não uma ruptura, pois a opressão está presente nos dois períodos, quanto no governo de Nassau de forma suave, tanto quanto no governo pós Nassau de forma dura e militar.

Considerações finais

O estudo retratado aqui se trata apenas de umas das abordagens possíveis que a História pode proporcionar em suas variantes incalculáveis, Construídas com as mesmas fontes usadas ou com outras mais abrangentes e oportunas sobre o mesmo assunto. Sucintamente levamos em conta que o período em questão ainda é muito pouco abordado e havendo certo esquecimento por parte de nossa historiografia.
Podemos explanar que essa “esclerose” de esquecimento é fruto de todo um discurso historiográfico que enobrece com grande “brilho” e pompa a fase de Nassau na dominação, vista inclusive como uma espécie de “idade de ouro” do período holandês. O pós-Nassau é certamente algo que só é visto como uma decadência não se levando em consideração os fatos que marcaram e caracterizaram este período.


Referências

COSTA PEREIRA, F. A: Anais pernambucanos. Recife: Fundação Do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, 1983. 3 v.
GUERRA, Flávio: História de Pernambuco. Recife: Assembléia legislativa Do Estado De Pernambuco, 1979.
GUERRA, Flávio: Uma Aventura Holandesa no Brasil. Recife: Companhia Editora de Pernambuco, 1977.
WÄJTEN, Hermann: O domínio colonial holandês no Brasil. Tradução: Pedro Celso Uchoa Cavalcanti. Recife: Companhia editora nacional, 1938.


* Graduando em História pela UFPE.
Cadastrado no CNPQ, rafasilva2@gmail.com

FONTE: www.historiaehistoria.com.br

domingo, 31 de maio de 2009

Celso Furtado, introdução à sua visão da ocupação econômica do Brasil (período colonial)

I – Da expansão comercial à empresa a agrícola.

A ocupação econômica do território americano pelas “lentes” do pensamento de Celso Furtado se tratou de um episódio irreversível da expansão comercial européia, por onde, seus objetivos e metas acabaram delineando a história deste continente, que neste exato momento acabava de se submergir “a luz” dos principais acontecimentos destes séculos (XV e XVI).
As atividades comerciais em franca ascensão na Europa, desde o século XI, assistiram a uma expansão territorial diferente daquelas acontecidas em sua história interna, não se tratava de uma necessidade de expansão provocada por uma contingência demográfica ou ruptura no nível das estruturas políticas do continente, a expansão era em busca de mercados e de novas rotas comerciais.
Portugal teve o auge de seu desenvolvimento econômico aliado a esta expansão comercial, a descobertas das ilhas do atlântico (Madeira, São Tomé, Ceuta) e a nova rota para o comércio com o oriente através da costa ocidental africana, significou uma forte ruptura do mercado europeu monopolizado pelas cidades italianas portuárias (Gênova e Veneza) e de antemão um forte impacto nas relações comercias estabelecidas pelos árabes e turcos otomanos com o leste europeu.
A “descoberta” do território americano foi um fruto de todo esse novo momento econômico que passava o continente europeu. Entretanto a ocupação territorial do novo continente teria que ser suportado por uma atividade produtiva ou uma exploração conscientemente viável para os países que se diziam “donos desta região” (Portugal e Espanha).
A Espanha acabou se beneficiando nesta empreitada da ocupação territorial por ter em seus domínios territoriais velhas civilizações mexicanas e andinas com grandes tradições em expropriação aurífera, e formou na exploração dessas riquezas e desses povos o principal alicerce de sua ocupação econômica.
Contudo, Celso furtado expõe que não foram somente preocupações econômicas que influenciaram na ocupação do território americano, as pressões políticas de países mais desenvolvidos em sua expansão econômica (França, Holanda e Inglaterra) ameaçavam diretamente os territórios lusos e hispânicos.
As pressões políticas que não aceitavam o acordo bilateral (tratado de Tordesilhas) entre espanhóis e portugueses influenciaram diretamente nas políticas futuras que seriam adotadas para a ocupação deste enorme continente por parte dos reinos de Portugal e Espanha.
O primeiro efeito imediato no lado espanhol foi à diminuição do perímetro do território ocupado em correlação ao que estava estabelecido no acordo com os portugueses, a ocupação espanhola se restringiu a região do México, das Antilhas e do Peru, Implantando uma base militar fixa em cuba para defesa do território, no entanto, mesmo a alta produção de ouro e prata custeando as defesas espanholas não foram suficiente para que houvesse perdas de algumas regiões, como por exemplo, As Antilhas.
Pelo lado português, a ocupação econômica do território brasileira passava por muito mais dificuldades que aquelas encontradas pelos seus “vizinhos” espanhóis, a “miragem” da existência de áreas auríferas no interior do território brasileiro eram atrativos para outros países, e pressionavam politicamente Portugal há tomar alguma decisão sob o ponto de vista da ocupação efetiva do seu território, havia-se no início do século XVI um pequeno comércio de peles e madeiras com índios, onde o sistema de feitorias era suficientemente necessário para tomar contar desta empreitada.
Na verdade o que se enxergava para os portugueses e espanhóis era que grande parte deste território tinha quase ou nenhuma utilidade econômica para suas metrópoles, com exceção é claro das regiões auríferas do vale da Prata e do México, todo o restante do continente americano necessitava de uma grande quantia de investimento para se fixar alguma atividade produtiva.
No mercado europeu existiam poucos produtos que possibilitassem uma alta rentabilidade para uma produção americana, se levando em conto o alto custo com o transporte da carga e perigos advindos da insegurança marítima desta época rodeado por piratas e corsários.
“ A exploração econômica das terras americanas deveria parecer, no século XVI, uma empresa completamente inviável. Por essa época nenhum produto agrícola era objeto de comércio em grande escala.” (FURTADO, p.14)

Porém para os portugueses, havia de imediato uma plena necessidade de se implantar alguma atividade produtiva capaz de colonizar o território, principalmente porque era necessário deslocar sua ocupação do litoral para o interior, a ameaça francesa que vinha estabelecendo uma colônia de povoamento na região setentrional do Brasil (Maranhão) era algo extremamente preocupante para os portugueses e ameaçava a perda do território.
A decisão de implantar uma empresa agrícola no Brasil por parte de Portugal em meados do século XVI foi no ponto de vista de Celso Furtado um evento profundamente marcante na história da América Latina, pela primeira vez a América passaria a fazer parte integrante da economia reprodutiva européia, coligando-se ao continente através de um fluxo de bens voltados para o mercado europeu.

II – Fatores do êxito da empresa agrícola.

A implantação da empresa agrícola açucareira brasileira em meados do século XVI obteve êxito devido a um conjunto de fatores que na época se agregaram e possibilitaram uma base solida para a ocupação econômica do território brasileiro.
Uns dos primeiros fatores que possibilitou o sucesso lusitano foi sua experiência técnica na produção e na solução de problemas referentes à fabricação do produto, os domínios das técnicas de fabricação foram dominados através dos contatos com os genoveses e venezianos.
Embora as técnicas de refinamento do açúcar ainda permanecessem por um bom tempo sobre o monopólio dos comerciantes italianos, as experiências na plantação, na fabricação de equipamentos para sua produção nas ilhas do atlântico fizeram que os portugueses tivessem uma clara noção da rentabilidade do mercado açucareiro europeu, que tinha naquele momento apenas pequeno focos de produção por todo continente.
O aumento na produção do açúcar dentro mercado europeu causou nessa época (século XV) uma diminuição no preço do produto, diminuindo também sua rentabilidade, criando uma superprodução no mercado, entretanto a conseqüência mais imediata da inclusão dos portugueses no mercado foi à ruptura com monopólio existente entre os venezianos, mais tarde criou-se uma política que restringia a quantidade ofertada do produto por cada região da Europa.
Contundo a produção portuguesa de açúcar não seria possível se não tivesse uma capacidade de redistribuição e um mercado para comercializar bastante vasto, neste cenário a presença holandesa foi de fundamental importância. Os flamengos compravam o açúcar português refinavam e redistribuíam por toda Europa, dando a possibilidade aos portugueses de ter que produzir uma grande produção de açúcar para abastecer este vasto comércio.
Essa possibilidade facilitou a penetração do açúcar brasileiro no mercado europeu a um preço fixo e viável para sua implantação na distante colônia, além disso, os holandeses também serviram de capitais de investimentos na inclusão de novos engenhos no Brasil, que aumentavam a produção no território brasileiro, em suma o comercio açucareiro brasileiro ganhava um sócio em sua empreitada.
O ultimo grande problema a ser solucionado para implantação com êxito da empresa agrícola brasileira, era o da mão-de-obra, não existia na Europa uma oferta grande capaz de abastecer essa empreitada, além disso, seria necessário oferecer um salário duas vezes maior para poder atrair essa mão-de-obra européia ociosa, elevando demais o custo da produção.
A solução se deu através da implantação do tráfico de escravos estabelecidos com os povos nativos africanos através de escambos de bens de pequeno valor agregado, que só precisava ser ampliado e redistribuído para colônia em grande escala, assim fecha-se o ciclo dos fatores que possibilitaram o sucesso lusitano na formação da primeira atividade econômica no Brasil.








REFERÊNCIA

FURTADO, Celso: Formação econômica do Brasil, 32º. Ed. Companhia Editora Nacional. 2003.

terça-feira, 10 de março de 2009

Resenha do documentário, Why we fight.(2005)

O trama do documentário, we why fight, traduzido para o português com o seguinte título; as razões para guerra. Discursa em seu roteiro uma análise crítica e contundente da formação do complexo industrial militar norte americano. (expressão primeira vez pronunciada no discurso de despedida do ex-presidente D. Eisenhower)
Os signos e as ressonâncias em que se desenvolveu esse grande complexo militarista americano vêm repercutindo diretamente na ingerência da política interna e externa deste país. As palavras proféticas de um presidente em seu ultimo ato em finais da década de 60 se concretizou como uma previsão obscura do tempo, de fato o século vinte foi palco do crescimento astronômico do poderio militarista americano e sua ânsia por auto-suficiência vem modificando os interesses políticos deste país, levando os EUA a um estado de guerra permanente.
Não é necessário fazermos aqui um exercício de memória muito grande para constatamos a implicação desta insaciável “sede” de guerras que alimenta esse grande complexo industrial militar que se construiu através das duas grandes guerras mundiais ou a guerra de trinta e um anos que moldou a história do século XX.
A doutrina do governo Bush(2003) de ataques preventivos aos declarados inimigos, o famoso “eixo do mal” ( Irã, Coréia do norte e Iraque) se fortaleceu com acontecimento que se tornou o “estopim” de uma nova intervenção militarista norte americano em territórios estrangeiros. A queda das torres gêmeas do World Trade Center em 11 de Setembro (2001) liderado por Osama Bin Laden e a facção política terrorista a Al Quaida encaminharam o nascedouro século XXI a presenciar de forma angustiante as suas primeiras guerras entre nações.
A invasão ao Afeganistão e a derrubada do regime político do Talibã numa das caçadas mais sensacionais da história, atrás do atualmente mais procurado homem do mundo(Bin Laden) pareceu um passo pequeno para uma indústria militar ansiosa por lucros, que ficava cada ano mais contente com os gastos substâncias do ministério de Defesa norte americano que aumentava seus custos em níveis espetaculares.
O documentário dirigido pelo diretor, Eugene Jarecki, trás com grande brilhantismo e lucidez diversas entrevistas, imagens, fotos e propagandas de como esse império militarista vêm nas ultimas décadas sendo posicionado dentro do Pentágono, dos Congressistas americanos, e principalmente sua força de manipulação da imprensa e da opinião pública em prol de seus interesses, mesmo num país democrático e com a existência de liberdade de imprensa.
Why we fight, que traduzido ao pé da letra significa, porquê lutamos? Tratou-se de uma série de documentários feitos no período da segunda guerra mundial, dirigidos pelo Frank Zarpa, Na verdade era uma espécie de vídeo auto motivacional que enfatizava os valores defendidos pelos nortes americanos naquela guerra contra o nazismo. A democracia e a liberdade eram palavras associadas à força americana simbolizada através do seu poderio militar.
Esta associação histórica entre força militar, liberdade e democracia deram as corporações armamentistas norte americanos uma trilha para se desenvolverem e se tornarem auto-suficiente mesmo em período não-bélicos. Essa condição arrematou os EUA a idéia de “guardião do mundo e dos valores da liberdade e da Democracia”, que em conjunto com essa tarefa haverá sempre a necessidade dos EUA de ser a “a polícia do mundo”.
Essa concepção de “Dono do mundo” não estar somente nas cabeças dos cidadãos americanos, por mais que possa parecer eufemismo e egocentrismos, o mundo foi forçado a pensar da mesma forma. Da década de 50 até os tempos atuais quase que as totalidades das guerras acontecidas tiveram a intervenção norte americana diretamente ou indiretamente, é muito significativo algumas entrevistas com alguns políticos americanos como senador Mackem e historiadores americanos que relatam que cada vez que os EUA vê alguma coisa no globo que não lhe interessa, já é argumento suficiente para se projetar uma guerra.
No período da guerra fria os EUA dividiram o mundo em unidades de planejamentos, a idéia que se um país se tornasse comunista no ocidente poderia trazer a tendência para os demais ao seu redor, tornando-os também comunistas. Isto levou o país a uma corrida armamentista jamais visto na história, EUA e a URSS, disputavam “bala por bala” produzida quem tinha o maior poderio militar, levando a ciência a projetarem armas químicas como a bomba atômica, que tinha como seu objetivo uma destruição devastadora de massas, ou seja, um extermínio de uma geração inteira de seres humanos.
O desmoronamento da URSS significou que o mundo voltaria a conviver com uma única grande potência, assim como a Inglaterra tinha sido durante o século XIX, os EUA, passava a ser o país com maior poderio político-econômico e militar e suas redes de influências atingiu os quatros cantos do mundo. A economia liberal capitalista administrado sobre um sistema democrático de governo estruturou-se como o modelo a ser seguido, como também houve a expansão de sua cultura conhecido mundialmente como “América life”.
Os motivos das diferentes guerras nos quais os EUA se envolveram durante esse curto espaço de tempo, da metade do século XX até os tempos atuais têm toda essa construção histórica de um aparato militar industrial, pois a cada soldado americano em campo de batalhas, há do outro lado milhões de pessoas produzindo armas, sapatos, munição e alimentação, sustentando a guerra e as corporações que se preparam para esse momento como se já soubesse disso.
Uns dos fatos mais contundentes relatado no documentário se tratam da revelação que dentro dos documentos da CIA (agência de inteligência norte americana) existe uma palavra chamada “blowback” que significa quando uma intervenção norte americana pode significar uma retaliação e/ou se há uma necessidade de uma nova intervenção. Isto demonstra como os EUA constroem área de conflitos espalhados pelo mundo, para que posteriormente possa intervir através da guerra.
Isso se torna ainda mais complexo, quando existem escândalos que envolvem agentes dos governos e congressistas nortes americanos em conjunto com membros do Pentágono e das corporações armamentistas na proliferação de novos contratos milionários, construindo novas tecnologias armamentistas, incansavelmente como se o país fosse à guerra no outro dia.
A guerra do Iraque (2003) misturou antigas pendências deixadas na primeira intervenção com uma nova roupagem trazida pelos ataques terroristas e a argumentação de que o Iraque guardava armas de destruição em massa aliado a idéia de que o Iraque era uma nação que abrigava o terrorismo. A guerra se iniciou e muito pouco se questionou os motivos trazidos como explicação, o mundo parecia mais preocupado com a duração da guerra do que em saber o que realmente estava fazendo aquelas nações lutarem.
A idéia central do documentário é alertar para concretização do discurso ditado pelo presidente Eisenhower à algumas décadas atrás, que já dizia que os interesses deste complexo podia intervir nos interesses da sociedade civil, podemos dizer que o estado de guerra permanente no qual os EUA criam e são obrigados a conviver não representa a vontade da sociedade civil, mas sim de um complexo industrial militar que se fortalece a cada ano, usando os sentimentos de medo e insegurança de uma nação para proliferarem seus lucros.