terça-feira, 10 de março de 2009

Resenha do documentário, Why we fight.(2005)

O trama do documentário, we why fight, traduzido para o português com o seguinte título; as razões para guerra. Discursa em seu roteiro uma análise crítica e contundente da formação do complexo industrial militar norte americano. (expressão primeira vez pronunciada no discurso de despedida do ex-presidente D. Eisenhower)
Os signos e as ressonâncias em que se desenvolveu esse grande complexo militarista americano vêm repercutindo diretamente na ingerência da política interna e externa deste país. As palavras proféticas de um presidente em seu ultimo ato em finais da década de 60 se concretizou como uma previsão obscura do tempo, de fato o século vinte foi palco do crescimento astronômico do poderio militarista americano e sua ânsia por auto-suficiência vem modificando os interesses políticos deste país, levando os EUA a um estado de guerra permanente.
Não é necessário fazermos aqui um exercício de memória muito grande para constatamos a implicação desta insaciável “sede” de guerras que alimenta esse grande complexo industrial militar que se construiu através das duas grandes guerras mundiais ou a guerra de trinta e um anos que moldou a história do século XX.
A doutrina do governo Bush(2003) de ataques preventivos aos declarados inimigos, o famoso “eixo do mal” ( Irã, Coréia do norte e Iraque) se fortaleceu com acontecimento que se tornou o “estopim” de uma nova intervenção militarista norte americano em territórios estrangeiros. A queda das torres gêmeas do World Trade Center em 11 de Setembro (2001) liderado por Osama Bin Laden e a facção política terrorista a Al Quaida encaminharam o nascedouro século XXI a presenciar de forma angustiante as suas primeiras guerras entre nações.
A invasão ao Afeganistão e a derrubada do regime político do Talibã numa das caçadas mais sensacionais da história, atrás do atualmente mais procurado homem do mundo(Bin Laden) pareceu um passo pequeno para uma indústria militar ansiosa por lucros, que ficava cada ano mais contente com os gastos substâncias do ministério de Defesa norte americano que aumentava seus custos em níveis espetaculares.
O documentário dirigido pelo diretor, Eugene Jarecki, trás com grande brilhantismo e lucidez diversas entrevistas, imagens, fotos e propagandas de como esse império militarista vêm nas ultimas décadas sendo posicionado dentro do Pentágono, dos Congressistas americanos, e principalmente sua força de manipulação da imprensa e da opinião pública em prol de seus interesses, mesmo num país democrático e com a existência de liberdade de imprensa.
Why we fight, que traduzido ao pé da letra significa, porquê lutamos? Tratou-se de uma série de documentários feitos no período da segunda guerra mundial, dirigidos pelo Frank Zarpa, Na verdade era uma espécie de vídeo auto motivacional que enfatizava os valores defendidos pelos nortes americanos naquela guerra contra o nazismo. A democracia e a liberdade eram palavras associadas à força americana simbolizada através do seu poderio militar.
Esta associação histórica entre força militar, liberdade e democracia deram as corporações armamentistas norte americanos uma trilha para se desenvolverem e se tornarem auto-suficiente mesmo em período não-bélicos. Essa condição arrematou os EUA a idéia de “guardião do mundo e dos valores da liberdade e da Democracia”, que em conjunto com essa tarefa haverá sempre a necessidade dos EUA de ser a “a polícia do mundo”.
Essa concepção de “Dono do mundo” não estar somente nas cabeças dos cidadãos americanos, por mais que possa parecer eufemismo e egocentrismos, o mundo foi forçado a pensar da mesma forma. Da década de 50 até os tempos atuais quase que as totalidades das guerras acontecidas tiveram a intervenção norte americana diretamente ou indiretamente, é muito significativo algumas entrevistas com alguns políticos americanos como senador Mackem e historiadores americanos que relatam que cada vez que os EUA vê alguma coisa no globo que não lhe interessa, já é argumento suficiente para se projetar uma guerra.
No período da guerra fria os EUA dividiram o mundo em unidades de planejamentos, a idéia que se um país se tornasse comunista no ocidente poderia trazer a tendência para os demais ao seu redor, tornando-os também comunistas. Isto levou o país a uma corrida armamentista jamais visto na história, EUA e a URSS, disputavam “bala por bala” produzida quem tinha o maior poderio militar, levando a ciência a projetarem armas químicas como a bomba atômica, que tinha como seu objetivo uma destruição devastadora de massas, ou seja, um extermínio de uma geração inteira de seres humanos.
O desmoronamento da URSS significou que o mundo voltaria a conviver com uma única grande potência, assim como a Inglaterra tinha sido durante o século XIX, os EUA, passava a ser o país com maior poderio político-econômico e militar e suas redes de influências atingiu os quatros cantos do mundo. A economia liberal capitalista administrado sobre um sistema democrático de governo estruturou-se como o modelo a ser seguido, como também houve a expansão de sua cultura conhecido mundialmente como “América life”.
Os motivos das diferentes guerras nos quais os EUA se envolveram durante esse curto espaço de tempo, da metade do século XX até os tempos atuais têm toda essa construção histórica de um aparato militar industrial, pois a cada soldado americano em campo de batalhas, há do outro lado milhões de pessoas produzindo armas, sapatos, munição e alimentação, sustentando a guerra e as corporações que se preparam para esse momento como se já soubesse disso.
Uns dos fatos mais contundentes relatado no documentário se tratam da revelação que dentro dos documentos da CIA (agência de inteligência norte americana) existe uma palavra chamada “blowback” que significa quando uma intervenção norte americana pode significar uma retaliação e/ou se há uma necessidade de uma nova intervenção. Isto demonstra como os EUA constroem área de conflitos espalhados pelo mundo, para que posteriormente possa intervir através da guerra.
Isso se torna ainda mais complexo, quando existem escândalos que envolvem agentes dos governos e congressistas nortes americanos em conjunto com membros do Pentágono e das corporações armamentistas na proliferação de novos contratos milionários, construindo novas tecnologias armamentistas, incansavelmente como se o país fosse à guerra no outro dia.
A guerra do Iraque (2003) misturou antigas pendências deixadas na primeira intervenção com uma nova roupagem trazida pelos ataques terroristas e a argumentação de que o Iraque guardava armas de destruição em massa aliado a idéia de que o Iraque era uma nação que abrigava o terrorismo. A guerra se iniciou e muito pouco se questionou os motivos trazidos como explicação, o mundo parecia mais preocupado com a duração da guerra do que em saber o que realmente estava fazendo aquelas nações lutarem.
A idéia central do documentário é alertar para concretização do discurso ditado pelo presidente Eisenhower à algumas décadas atrás, que já dizia que os interesses deste complexo podia intervir nos interesses da sociedade civil, podemos dizer que o estado de guerra permanente no qual os EUA criam e são obrigados a conviver não representa a vontade da sociedade civil, mas sim de um complexo industrial militar que se fortalece a cada ano, usando os sentimentos de medo e insegurança de uma nação para proliferarem seus lucros.