terça-feira, 21 de outubro de 2008

Rupturas e continuidade da educação no estado varguista (1930-1945).

I- Introdução
As décadas 20 e 30 do século XX no cenário brasileiro representaram para o contexto interno e externo do país uma grande efervescência de movimentos e conflitos políticos e sócio-econômicos. Esses conflitos tiveram gênese através das transformações estruturais do modelo político-econômico brasileiro vigente, está mudança teve como sua principal impulsão à decorrente crise econômica de 1929, aonde foi colocado em xeque o modelo agroexportador sustentado por uma elite oligárquica.
Nesse sentido vemos que a necessidade de criar um novo modelo político-econômico aliado a crise política instaurada na velha república no ultimo governo de Washington Luiz que questionava a forma indireta e fraudulenta desse regime, fez-se emergir nesse cenário as oposições e os movimentos armados reivindicando mudanças estruturais no âmbito político, econômico e social.
Dessa situação saiu movimentos como: a semana de artes modernas, a formação do partido comunista e origem do tenentismo que juntava uma política nacionalista com a necessidade de se impor novamente a ordem social quebrada com crise do modelo em 29.
A solução colocada em prática para tentar homogeneizar esse grande caldeirão de interesses e conflitos gerado num cenário nacional e será através da formação do estado varguista em 1930 que tentara solucionar o problema. Representando uma certa ambigüidade na sua forma de governar, o estado varguista colocará em prática um novo modelo político-econômico voltado agora para o desprezado mercado interno usufruindo como alicerce uma política nacionalista e populista que tinha como objetivo trazer a urbanização e industrialização do país.
Nessa direção o estado varguista consolidou a modelo de substituição de importações já que até então o mercado interno era controlado pelos produtos manufaturados vindo das importações. Sua política criou embargos para as importações e facilitou o crescimento natural do mercado interno.
Entretanto o esgotamento do crescimento do mercado interno e a necessidade de recursos tecnológicos de capitais fez que Vargas cai-se num conflito que geraria sua saída, já que pregando um nacionalismo e o paternalismo ao extremo pra se perpetuar no poder teria agora uma nova realidade de negociar com outras nações sobre investimentos estrangeiros para levantar esse mercado interno emperrado por falta de tradição e de preparo para isto.
O estado varguista segurou enquanto pode a decisão nacional de se ter um crescimento lento mais independente ou um crescimento rápido a custa do capital estrangeiro, isto devido a sua política nacionalista que não lhe dava a condição de aceitar a segunda opção e que mais lhe faz sair pós quinze anos do poder.
Enquanto pode procurou tirar proveito do cenário externo como, por exemplo, na segunda guerra mundial, no qual negociou com o Estados Unidos a entrada do Brasil na guerra em troca de indústrias bases colocadas na área de volta redonda. Esta Breve introdução demonstra os conflitos que dinamizaram o estado varguista que dentro do cenário nacional teve que lhe dar que uma sociedade estratificada e cheia de interesses conflitantes, no qual sua postura ambígua será o marco de seu regime.
II- Ruptura e Continuidades da Educação do estado varguista
No campo educacional o estado varguista não será muito diferente que em sua extensão política, na verdade o que veremos é um reflexo de uma na outra, assim a ambigüidade e as contradições da postura do estado varguista será visível também na educação.
Podemos começar pelo próprio chamamento ou convocação pouca utilizada dos pioneiros da escola nova que, 1932 lançam um manifesto propondo reformas na organização educacional como um todo, propondo como eixo principal o controle federal do sistema e uma autonomia aos estados.
No entanto muito pouco será aproveitado no estado varguista que desprezando o manifesto que o próprio tinha convocado irá centralizar a educação exclusivamente a esfera federal deixando de lado a proposta de autonomia e dando um caráter autoritário do ponto de vista administrativo.
Nessa passagem vemos uma clara ruptura com a educação vigente anteriormente regido pelo ato adicional de 1834, que delegava aos estados a incumbência da educação e deixava isento a esfera federal. Nesta casso temos a volta do governo federal como agente principal responsável pela educação da nação.
Contundo com o que parecia ser bom, pois a educação encontrava-se em péssimo estado por uma descentralização desorganizada em 1843, no qual os estados eram jogados como responsáveis da educação sem ter nenhuma ajuda nacional criando assim disparidades geográficas em âmbitos educacionais que até hoje não foram resolvidas, a atitude centralizadora do estado Varguista mesmo que autoritária iria trazer assim uma uniformidade de recursos entre os estados, porém no âmbito do ensino não houve muita ruptura.
O que enxergamos no estado varguista em correlação ao ensino é continuidade da defasagem do modelo político-econômico com a educação praticada em seu momento histórico. Mesmo com a crescente modernização do país através da urbanização, industrialização e do mercado interno o ensino permaneceu com seu caráter acadêmico e literário influenciada pelos moldes antigos, desconexo assim com a crescente necessidade de qualificação da mão-de-obra que atendesse a emergência da sua sociedade histórica.
Neste cenário ficava visível a falta de uma função social e econômica específica para educação no estado varguista e mesmo quando a necessidade “batia na porta” e deixava nítido o papel econômico e político da educação, principalmente na qualificação da mão de obra para o crescente mercado interno via-se emergir a força conflitante e opositora do conservadorismo influenciado pela velha elite aristocrata agrária que entrava em ação e agia no sentindo de resgatar e preservar toda uma herança colonial de um ensino voltado para ócio e a erudição, porém o crescimento da demanda social pela educação devida à urbanização e o surgimento de oportunidades providas da industrialização trará uma grande diminuição dos números do analfabetismo nacional e o conflito entre uma educação voltado para social e uma educação voltado pra academia ainda hoje não se têm plena solução.
Outro ponto de vista que podemos evidenciar na perspectiva de continuidade ou de ruptura no âmbito do ensino do estado varguista está voltada ao ensino religioso na educação, que terá seu retorno posto pelo estado varguista devido ao apoio política da igreja ao seu regime, porém ao olharmos para o que era antes veremos que será uma ruptura, já que na república velha a educação era laica, entretanto se voltarmos um pouquinho mais entraremos em toda nossa herança jesuítica do nosso período colonial e neste caso seria continuidade.
Encerraremos esta parte apontando alguns das práticas adotados na educação do estado varguista que refletia claramente como propaganda ideológica do seu pensamento político, mais especificamente o nacionalismo, o carro-chefe de sua política e principal base de sua sustentabilidade, pois serão impostas nessa época, nas escolas, aulas de civilidade e moral além de atos de nacionalismos como cantar e decorar o hino nacional no início das aulas por exemplo.
III- Considerações Finais
Ao elaborarmos esse trabalho podemos notar que atos políticos, econômicos e sociais estão ativamente agindo sobre a educação seja ele qual e quando for seu acontecimento ou momento histórico que debruçamos em análise.
Nesta ótica o estado varguista e educação praticada neste período se refletem como espelho da imagem da sociedade daquela época, que por suas intensas transformações e conflitos criam um cenário cheio de contradições mais repleto ao mesmo tempo de fascinação.

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