sábado, 15 de novembro de 2008

O Movimento Republicano em Pernambuco 1850-1889 (MARC HOFFNAGEL) Síntese

O surgimento do republicanismo em Pernambuco esta coligado a um certo caráter excludente contínuo presente durante todo o império, principalmente do ponto de vista político-econômico, do qual, a participação dos setores políticos influentes da região sobre as principais decisões das políticas nacionais e econômicas eram restritas, além disso essa conjuntura acabou sendo influenciada diretamente pelo aumento involuntário de imposto crescente feito por este regime a província pernambucana.
Ressurgindo assim em solos pernambucanos vários movimentos de tradição separatista e de cunho ideológico republicano como; a revolução de 1817, a confederação do equador de 1821 e a revolução praieira de 1848, que fez emergir durante toda vivência do regime monárquico uma tradição republicana em Pernambuco típica de sua condição histórica antecessor.
O trabalho do Professor Marc Hoffnagel traz de forma minuciosa e descritiva o republicanismo pernambucano. Repleto de detalhes enriquecedores o seu trabalho traz os fios condutores deste republicanismo pernambucano desde a revolução praieira até a proclamação da república em 1889.
O republicanismo em Pernambuco advindo das reivindicações da revolução praieira tem de princípio como uns dos seus principais expoentes a figura de Antonio Borges, este, ligando as suas ações políticas mais ativas aos interesses das camadas dos setores urbanos criticava o regime vigente atual e apontava como causas monarquistas os seguintes pontos de entraves; o aumento crescente de preço dos víveres da terra, o aumento do custo de vida, o monopólio dos comerciantes varejistas portugueses, as fraudes eleitorais e os privilégios de determinados setores da sociedade pernambucana na política provinciana.
Ao lado de Borges também podemos destacar outras figuras importantes como; Albuquerque Melo, Romualdo Alves de Oliveira e Luiz Cyriaco, que assim como Borges tinham como criticas os anseios que foram derrotados na praieira. Assim durante toda a década de 60 e posteriormente na de 70 do século XIX em Pernambuco.
O movimento republicano pernambucano se entrelaçou com as causas dos setores das camadas médias urbanas e suas propostas serão distintas daquelas vistas pelo republicanismo paulista, que diferentemente do que acontecia em Recife, o movimento paulista desde seu princípio se aliou diretamente com a aristocracia cafeeira local formando uma base político-econômica influente na sociedade paulistana, o que não irá acontecer aqui em Pernambuco entre os republicanos e senhores de engenhos.
As propostas dos republicanos durante toda a década de 1870 em Pernambuco voltou-se principalmente as causas dos setores médios urbanos e a crítica ferrenha a política imperial, porém mesmo com toda propagada existente através dos diversos jornais republicanos deste período, este movimento não conseguiu ganha adesão do interior da província e nem muito menos os interesses da aristocracia açucareira pernambucana que vinha algumas idéias reformistas republicanas com certo receio, como; abolicionismo e reformas na distribuição da terra para os ex-escravos após a libertação.
O fato é que o movido por um liberalismo “romântico” típico do século XIX, o movimento republicano pernambucano durante toda essa década 1870, irá combater com todas as suas forças as diversas formas de monopólios existentes naquela sociedade, desde o monopólio política que só elegia os bacharéis (principalmente em direito) e excluam os artesões e profissionais liberais, até o monopólio econômico dos comerciantes portugueses que dominavam o mercado alimentício, propostas como; sufrágio universal, democracia social, educação para os artesões industriais, criações de corporações de artesões e comerciantes nacionais e aversão ao estrangeiro aliado a um nativismo local, predominou como característica principal deste movimento durante toda esta década de 1870, que como vimos não conseguiam aliar suas propostas com os interesses dos setores políticos mais influentes, fazendo que a expressividade do republicanismo tornasse muita pequena do ponto de vista político.
Durante a década de 1880 tivemos a mudança no rumo do movimento republicano pernambucano, a entrada dos bacharéis em direito oriundos da faculdade de direito do Recife trouxe novas concepções filosóficas ao movimento, as idéias de augusto Comte, Herbert Spencer e Ernst Haeckel, fizeram emergir o projeto positivista e evolucionista ao movimento.
Assim as propostas do republicanismo pernambucano ganham a preocupação com o desenvolvimento econômico e técnico das atividades produtivas da província promovida pelo desenvolvimento da ciência moderna, entretanto mais uma vez, os anseios dos republicanos não coligaram com as das aristocracias rurais pernambucanas, apesar de serem contra a violação dos direitos individuais que poderia ser visto com bons olhos para aristocracia que temia a caráter reformista do movimento na década anterior, porém o movimento continuou defendendo os interesses dos setores urbanos em correlação aos monopólios políticos e comerciais, colocando uma democracia política e o fim dos privilégios das aristocracias, como principais meios, dão ênfase para o fim da escravidão como um símbolo de atraso e impedimento do desenvolvimento econômico.
Contudo, mesmo com toda essa mudança filosófica positivista Comtiano no movimento, o republicanismo não ganha força por causa de sua desvinculação com setores influentes da sociedade, não podemos esquecer que os membros que pertenciam ao movimento republicano pernambucano eram compostos por: artesões e profissionais liberais, e muitos estavam diretamente ligados aos senhores de engenho numa relação de dependência econômica e temiam a represália, enfileirando as fileiras dos partidos conservadores e liberais monarquistas.
Com a abolição da escravidão da forma imperativa que aconteceu, sem uma indenização digna aos senhores de engenho fez que alguns destes aderissem ao republicanismo, entretanto quanto esta tendência começava a se consolidar de 1888 até novembro de 1889, se instaurou no sul a república federativa do Brasil e as aristocracias pernambucanas que iniciam um lento processo de adesão ao republicanismo pernambucano acabou declarando fidelidade ao republicanismo paulista e do centro-sul, pois esse era agora a principal força que sustentava o poder em nível nacional.

Nenhum comentário: