quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Jacqueline Hermann, Religião e política no alvorecer da República: os movimentos de Juazeiro, Canudos e Contestado.(resumo)


O texto traz de forma sintética os principais aspectos envolvidos com o aparecimento dos movimentos religiosos populares no inicio da república, principalmente nas regiões interioranas afastadas do controle institucional do novo governo. As repercussões desses movimentos estão diretamente correlacionadas com o processo de transição entre o império e a república, porém é inegável que outras evidências irão impulsionar o desenvolvimento de tais fenômenos, como por exemplo; a existência do catolicismo popular que fundia elementos de várias culturas originárias na colonização com as doutrinas cristãs, dando certo caráter místico e profano na propagação desta religião no Brasil.

Analise da autora embasa tais movimentos não só de forma descritiva, pois também abordar as principais concepções e teorias que foram desenvolvidas por sociólogos, historiadores e antropólogos como possíveis explicações e interpretações para tais movimentos, enfatizando esta explanação nas figuras de padre Cícero, Antonio Conselheiro e José Maria.

Entretanto antes de qualquer analise sobre os tais movimentos é necessário entender os impactos sofridos pela igreja católica nesta transição política institucional entre império e república. O surgimento da república representou o fim do padroado e do regalismo no catolicismo do Brasil, dando certa liberdade de ação para igreja independente do estado, atendendo assim os desejos das lideranças eclesiásticas, mas ligada a Roma, porém esta transição também se configurou por certa perda de ação, pois limitava a esfera de atuação desta igreja através de algumas medidas adotadas no projeto de elaboração da constituição republicana em 1890, como por exemplo; o reconhecimento e obrigatoriedade do casamento civil, registro civil dos batismos, secularização dos cemitérios, alienação dos bens da igreja e o impedimento de formação de novas comunidades religiosas, especialmente as companhias de Jesus.
Essa perda de autonomia e poder da igreja católica, advindo pelo surgimento da república e a elaboração da constituição criou um movimento de reação por parte da Santa Fé e das autoridades eclesiásticas brasileiras, que se organizando em corporações agiram de forma política para tentar amenizar os impactos dessa secularização idealizada pelos princípios liberais e federalistas que envolviam os constitucionistas da época.

Essa contra-reação por parte da igreja para manter certos poderes obtive êxito em alguns aspectos, pois os bens da igreja foram salvos de apropriação além do mais pode garantir as congregações e as ordens religiosas liberadas sem reservas. Entretanto o que representou uma vitória para os eclesiásticos na promulgação da constituição de 1891, não se configurou para boa parte da população que via essa secularização de casamentos, batismos e cemitérios uma ação de imposição do estado, mais especificamente, uma ofensa a religiosidade desse povo. Portanto partindo dessa relação, política-religião, no alvorecer da república, que a autora aborda as implicações políticas da república sobre a igreja e a religiosidade de sua população, e como isso implicou num corrente contraria de reação através dos movimentos religiosos populares.

Inicialmente o texto traça um pequeno esboço teórico com as concepções dos principais pensadores e as interpretações que estes atribuíram a esses movimentos, a primeira a ser analisada é Queiroz. A abordagem de Queiroz enfatiza a formação de uma cultura rústica no Brasil advindo desde do período colonial, esta cultura assim denominada pela autora, seria o resultado do ajustamento da cultura do colonizadores com as culturas dos nativos e escravos, sendo uma vertente autônoma e independente das duas que lhe formaram. Essa cultura estaria mais presente na fusão da relação campo-cidade e no ajustamento que o colonizador teve de fazer para adaptar-se ao novo mundo.

Entretanto para Queiroz o surgimento dos tais movimentos que classifica como messiânicos, tratou-se de certa anomalia presente no inicio da república pela falta de organização desta cultura rústica, pois a ausência de lei presente principalmente nas regiões onde o mandonismo local na figura dos coronéis não conseguia estabelecer laços de compromissos e dependências com a população faziam surgir tais movimentos messiânicos que por ora eram reformadoras, ora erma restauradores, portanto o aspecto religioso desses movimentos seria uma função secundarias desses levantes, tendo a questão sociopolítica o principal motivo propulsor de propagação.

A segunda abordagem demonstrada pela autora é de Rui Facó, assim como Queiroz também caracteriza esse movimento como uma ação sociopolítica, mais especificamente uma reação do povo sertanejo a desigualdade e a miséria que se encontrava a região nordestina na época, porém não irá se fundamentar nas implicações da ausência de lei ou de possíveis falhas das relações de compromissos e laços que se configurava o poder dos coronéis, mais exalta monopólio da terra na formação do Brasil, no qual por muito tempo criou-se uma camada excludente e marginalizado na sociedade, encontrando no crime, (na figura dos cangaceiros) ou através dos movimentos religiosos um mecanismo de expressão e luta social. Assim, portanto o monopólio da terra, a pobreza e miséria da população sertaneja seriam a face material da natureza destes movimentos e a religiosidade apenas um pano de fundo, um instrumento para consolidação desses levantes.

A terceira Abordagem explanada por Hermann expõe o pensamento de Monteiro, Este, assim como Queiroz, também credita certa importância para a formação de uma cultura rústica no Brasil, como também nas questões de mandonismo local, ausência de lei e falhas das relações de compromissos e laços do coronelismo, porém se especifica mais em sua analise na construção de um catolicismo rústico ou popular no Brasil, aonde os elementos distintos de outras culturas foram incorporadores sobre o catolicismo tradicional (romanizado).

Contudo o que diferencia Monteiro de Queiroz e Facó é que diferentemente dos dois últimos, este enaltecer a importância desta característica típica desse catolicismo rústico, como uma forte influência para formação desses movimentos religiosos populares. Monteiro explana que este catolicismo popular dava a essa população uma identidade própria que era marginal devida a influência da Santa Fé de romanizar este igreja após o fim do padroado, e ao mesmo tempo autônomo, diferente do catolicismo tradicional (romano) ganhando assim base para seu fortalecimento.

Após esse pequeno esboço a historiadora (Hermann) começa a detalhar de forma sintética os movimentos que propôs explanar, iniciando seu discurso no surgimento da figura da figura de Padre Cícero em Juazeiro. A história do padre Cícero, Antonio conselheiro e do monge José Maria detalha um pouco todo o debate teórico que relatamos.
Órfã de pai, Cícero desde da infância tinha um certo misticismo em sua personalidade tendo vários sonhos com elementos sacros, o que levou a ir ao seminário de fortaleza para dedicar-se a esse vocação que acreditava, em um de seus sonhos teve a aparição do sagrado coração de Jesus sagrando devido aos males cometidos pelos homens e em sua volta um grupo de sertanejos, do qual, Jesus lhe dizia para cuidar deles.
Entendeu este sonho como uma revelação do senhor e decidiu ficar na cidade de juazeiro para cumprir a ordenação divina, assim que saiu do seminário dedicou-se inteiramente em alimentar a religiosidade das populações pobres do vale do Cariri, porém foi 14 anos depois de ingresso na vida religiosa que um fato mudou o rumo de sua história, o milagre da hóstia que na boca da beata Maria Araújo se transformou em sangue, era o símbolo da mensagem em seu sonhos e que não demoraria muito para a volta de Jesus a terra.
Passou toda sua vida na tentativa de comprovar o milagre, foi excomungado pelo Papa, proibido de realizar missas e todo e qualquer tipo de palavra escrito pelo padre de juazeiro era considerado um insulto ao catolicismo, mesmo depois que os relatores mandados pelo papa ratificaram a confirmação do milagre. Entretanto a recusa da igreja se fundamentava na forma como a adoração ao sangue da hóstia se fazia acima das doutrinas católicas, isto sempre que quando o milagre acontecia, no qual, dando um significado messiânico, padre Cícero utilizando de seu sonho a visão do padre que era aquele povo sertanejo seria os que estariam ao lado de Jesus na hora da restauração do mundo, era na verdade, uma constatação que surgia uma igreja dentro de outra igreja, e se essa igreja independente da outra tornasse nacional, por exemplo, era tudo que não queria as autoridades eclesiásticas locais e o papado.
Quase que paralelamente mais sem ter um contato direto surgia um boato sobre um Antonio do mar no interior alagoano, que suas palavras alimentavam a alma e curavam os enfermos, diferentemente de Cícero, Antonio conselheiro não teve em sua infância uma vocação ou uma espécie de aparição como teve o padre de juazeiro, o leme da vida de Conselheiro vai ser transformado totalmente quando sofreu a traição de sua mulher, transtornado num estado de ira se perde pelo mundo a matar traidores pelo interior nordestino, ganha prestigio pelo seu censo justiça social e começa a fazer uma forte crítica a república por ser contra a vontade divina, do qual se legitimava a monarquia imperial desrespeitando com isso qualquer lei que viesse do novo regime.
Mais ao sul, na região entre santa Catarina e Curitiba, já tinha se ouvido falar do beato João Maria que propagava que os castigos de deus estaria próximo e o novo reino estava porvir, essa punição seria oriundo pela instauração da república. Em seus raciocínios repugnava a igreja formada nos conchaves que este novo governo, explicitando que esses padres eram mentirosos e que defendiam princípios que ia contra a vontade divina e falava que o mundo não duraria no máximo mil anos e dois mil já era demais. Desertor do exercito Miguel Lucena Boa Ventura vai dizer sucessor desse monge profético e ira usa o codinome José Maria para formar um grupo de seguidores num sentido de forma uma comunidade longe daquela perversidade dita anteriormente pelo beato.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Império Romano viu a formação do 'embrião' das bolsas de valores atuais Tradição mercantilista foi reforçada no Renascimento. (Rarassíma matéria)

Império Romano viu a formação do 'embrião' das bolsas de valores atuais
Tradição mercantilista foi reforçada no Renascimento. Holandeses desenvolveram os mercados acionários como os conhecemos.
Paula Adamo Idoeta Do G1, em São Paulo
Em 1895, as negociações da bolsa eram registradas em enormes quadros negros
A crise que abalou o mercado financeiro internacional -e inclusive o Brasil- nas últimas semanas chama a atenção do público para as bolsas de valores.

Entenda a crise dos mercados financeiros

Mas o que muita gente não sabe é que as bolsas e o mercado acionário são mais antigos do que parecem.

Desde o Império Romano, as empresas já formavam seu capital vendendo ações ao público. Os homens de negócios, ainda que não contassem com a simpatia popular, se tornaram uma das classes mais influentes do Império. Esse pode ser considerado o embrião das Bolsas de Valores atuais, cujo funcionamento atual está determinando o rumo da economia mundial. Não é difícil perceber, portanto, que a especulação não é nova na história da humanidade.

"A compra ou venda de títulos representa uma especulação sobre o que virá no futuro – alguns chamam isso de investimento; outros, de aposta. Mas, de alguma maneira, os homens sempre especularam", escreveu o autor Robert Sobel no livro "The Big Board – A History of the New York Stock Market" (O Grande Quadro – A História da Bolsa de Valores de Nova York), que registra exemplos semelhantes ao dos romanos nas sociedades grega e mesopotâmia, por exemplo. O período do Renascimento só fortaleceu essa tradição mercantilista e especulativa. Segundo Sobel, os mercadores renascentistas tentavam reduzir seus riscos organizando empresas de ações conjuntas, que serviam para financiar viagens de navios comerciais. Os lucros que viessem depois eram divididos entre os donos das ações. No século XV, alguns destes mercadores chegavam a lucrar 100% ao investir em um barco que levasse e trouxesse mercadorias do Oriente Médio. Claro que lucros tão abundantes atrairam mais e mais investidores, o que levou ao surgimento dos primeiros corretores de ações: eles se congregavam nas cidades – que não paravam de crescer – e tinham como função principal intermediar as transações entre investidores.

Bolhas e tulipas

A Bolsa de Valores como conhecemos hoje aparentemente começou com os holandeses. Em 1602, nasceu a Companhia das Índias Orientais, para fazer transações comerciais no Oriente, e em 1688 corretores e especuladores já compravam e vendiam suas ações no Mercado de Amsterdã. Também na Holanda surgiu uma das primeiras crises do mercado financeiro, que inclusive lembra muito a atual crise das hipotecas. "O mercado mais incrível do começo do século XVII não era em ações, mas sim em bulbos de tulipas", explica Robert Sobel. As flores foram introduzidas pelos turcos e logo se tornaram uma sensação entre os holandeses. Seus preços, por conseqüência, foram à estratosfera. Quando os mercadores começaram a perceber que as tulipas não valiam o preço pelo qual estavam sendo vendidas, a bolha estourou, e o pânico dominou o mercado.

'Stock Exchange' no Brasil
A crise foi fortemente sentida, mas não impediu que o mercado financeiro continuasse a se desenvolver. A compra e a venda de ações se tornaram intensas em Londres e Paris, por exemplo. Segundo Sobel, na capital britânica, em 1773, os corretores costumavam se reunir em um café, que se tornou um ponto de referência e logo ganhou o nome de "The Stock Exchange", termo pelo qual as bolsas são conhecidas até hoje. O Brasil chegou a ter nove bolsas de valores, segundo a Comissão de Valores Monetários (CMV). A primeira delas surgiu no Rio de Janeiro, com a formação da Junta dos Corretores de Fundos Públicos da Corte, em 1848, fundada a partir da expansão do café e do volume de moeda circulante no país, explica Maria Bárbara Levy no livro "História da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro". A bolsa paulista nasceu em 1890, logo após a Proclamação da República. Mas enfrentou uma crise logo em seu primeiro ano. É que, em 1891, o governo, para estimular a industrialização e aumentar a oferta de crédito, passou a emitir mais dinheiro. Os resultados da "política do encilhamento" foram desastrosos: a especulação aumentou e a inflação também. "O dinheiro emitido pelo governo não tinha lastro, o que gerou a crise", disse ao G1 o economista Roberto Troster, especializado em mercado financeiro.



Em 1934, as negociações eram feitas em torno de um balcão central.
Quatro anos depois, a bolsa paulista reabriu com o nome de Bolsa de Fundos Públicos de São Paulo, época em que, segundo a Bovespa, as negociações de ações eram registradas em enormes quadros-negros. Com seu crescimento, a Bovespa acabou absorvendo as demais bolsas brasileiras. Booms e cracks
Troster explicou que, a partir de então, a Bolsa enfrentou uma série de "booms" e "cracks", até a internacionalização nos anos 90 e a chegada dos investimentos estrangeiros. Nos anos 2000, foi a época da incorporação de novas tecnologias e das transações eletrônicas. Corretor de valores da Bovespa há 35 anos, Paulino Botero de Abreu Sampaio nem sequer se lembra de quantas crises presenciou no mercado financeiro. "Foram muitas", disse ao G1. "Mas assim aprendi que não há crise que não passe".


Fonte da Matéria: http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL793825-16107,00-IMPERIO+ROMANO+VIU+A+FORMACAO+DO+EMBRIAO+DAS+BOLSAS+DE+VALORES+ATUAIS.html

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Rupturas e continuidade da educação no estado varguista (1930-1945).

I- Introdução
As décadas 20 e 30 do século XX no cenário brasileiro representaram para o contexto interno e externo do país uma grande efervescência de movimentos e conflitos políticos e sócio-econômicos. Esses conflitos tiveram gênese através das transformações estruturais do modelo político-econômico brasileiro vigente, está mudança teve como sua principal impulsão à decorrente crise econômica de 1929, aonde foi colocado em xeque o modelo agroexportador sustentado por uma elite oligárquica.
Nesse sentido vemos que a necessidade de criar um novo modelo político-econômico aliado a crise política instaurada na velha república no ultimo governo de Washington Luiz que questionava a forma indireta e fraudulenta desse regime, fez-se emergir nesse cenário as oposições e os movimentos armados reivindicando mudanças estruturais no âmbito político, econômico e social.
Dessa situação saiu movimentos como: a semana de artes modernas, a formação do partido comunista e origem do tenentismo que juntava uma política nacionalista com a necessidade de se impor novamente a ordem social quebrada com crise do modelo em 29.
A solução colocada em prática para tentar homogeneizar esse grande caldeirão de interesses e conflitos gerado num cenário nacional e será através da formação do estado varguista em 1930 que tentara solucionar o problema. Representando uma certa ambigüidade na sua forma de governar, o estado varguista colocará em prática um novo modelo político-econômico voltado agora para o desprezado mercado interno usufruindo como alicerce uma política nacionalista e populista que tinha como objetivo trazer a urbanização e industrialização do país.
Nessa direção o estado varguista consolidou a modelo de substituição de importações já que até então o mercado interno era controlado pelos produtos manufaturados vindo das importações. Sua política criou embargos para as importações e facilitou o crescimento natural do mercado interno.
Entretanto o esgotamento do crescimento do mercado interno e a necessidade de recursos tecnológicos de capitais fez que Vargas cai-se num conflito que geraria sua saída, já que pregando um nacionalismo e o paternalismo ao extremo pra se perpetuar no poder teria agora uma nova realidade de negociar com outras nações sobre investimentos estrangeiros para levantar esse mercado interno emperrado por falta de tradição e de preparo para isto.
O estado varguista segurou enquanto pode a decisão nacional de se ter um crescimento lento mais independente ou um crescimento rápido a custa do capital estrangeiro, isto devido a sua política nacionalista que não lhe dava a condição de aceitar a segunda opção e que mais lhe faz sair pós quinze anos do poder.
Enquanto pode procurou tirar proveito do cenário externo como, por exemplo, na segunda guerra mundial, no qual negociou com o Estados Unidos a entrada do Brasil na guerra em troca de indústrias bases colocadas na área de volta redonda. Esta Breve introdução demonstra os conflitos que dinamizaram o estado varguista que dentro do cenário nacional teve que lhe dar que uma sociedade estratificada e cheia de interesses conflitantes, no qual sua postura ambígua será o marco de seu regime.
II- Ruptura e Continuidades da Educação do estado varguista
No campo educacional o estado varguista não será muito diferente que em sua extensão política, na verdade o que veremos é um reflexo de uma na outra, assim a ambigüidade e as contradições da postura do estado varguista será visível também na educação.
Podemos começar pelo próprio chamamento ou convocação pouca utilizada dos pioneiros da escola nova que, 1932 lançam um manifesto propondo reformas na organização educacional como um todo, propondo como eixo principal o controle federal do sistema e uma autonomia aos estados.
No entanto muito pouco será aproveitado no estado varguista que desprezando o manifesto que o próprio tinha convocado irá centralizar a educação exclusivamente a esfera federal deixando de lado a proposta de autonomia e dando um caráter autoritário do ponto de vista administrativo.
Nessa passagem vemos uma clara ruptura com a educação vigente anteriormente regido pelo ato adicional de 1834, que delegava aos estados a incumbência da educação e deixava isento a esfera federal. Nesta casso temos a volta do governo federal como agente principal responsável pela educação da nação.
Contundo com o que parecia ser bom, pois a educação encontrava-se em péssimo estado por uma descentralização desorganizada em 1843, no qual os estados eram jogados como responsáveis da educação sem ter nenhuma ajuda nacional criando assim disparidades geográficas em âmbitos educacionais que até hoje não foram resolvidas, a atitude centralizadora do estado Varguista mesmo que autoritária iria trazer assim uma uniformidade de recursos entre os estados, porém no âmbito do ensino não houve muita ruptura.
O que enxergamos no estado varguista em correlação ao ensino é continuidade da defasagem do modelo político-econômico com a educação praticada em seu momento histórico. Mesmo com a crescente modernização do país através da urbanização, industrialização e do mercado interno o ensino permaneceu com seu caráter acadêmico e literário influenciada pelos moldes antigos, desconexo assim com a crescente necessidade de qualificação da mão-de-obra que atendesse a emergência da sua sociedade histórica.
Neste cenário ficava visível a falta de uma função social e econômica específica para educação no estado varguista e mesmo quando a necessidade “batia na porta” e deixava nítido o papel econômico e político da educação, principalmente na qualificação da mão de obra para o crescente mercado interno via-se emergir a força conflitante e opositora do conservadorismo influenciado pela velha elite aristocrata agrária que entrava em ação e agia no sentindo de resgatar e preservar toda uma herança colonial de um ensino voltado para ócio e a erudição, porém o crescimento da demanda social pela educação devida à urbanização e o surgimento de oportunidades providas da industrialização trará uma grande diminuição dos números do analfabetismo nacional e o conflito entre uma educação voltado para social e uma educação voltado pra academia ainda hoje não se têm plena solução.
Outro ponto de vista que podemos evidenciar na perspectiva de continuidade ou de ruptura no âmbito do ensino do estado varguista está voltada ao ensino religioso na educação, que terá seu retorno posto pelo estado varguista devido ao apoio política da igreja ao seu regime, porém ao olharmos para o que era antes veremos que será uma ruptura, já que na república velha a educação era laica, entretanto se voltarmos um pouquinho mais entraremos em toda nossa herança jesuítica do nosso período colonial e neste caso seria continuidade.
Encerraremos esta parte apontando alguns das práticas adotados na educação do estado varguista que refletia claramente como propaganda ideológica do seu pensamento político, mais especificamente o nacionalismo, o carro-chefe de sua política e principal base de sua sustentabilidade, pois serão impostas nessa época, nas escolas, aulas de civilidade e moral além de atos de nacionalismos como cantar e decorar o hino nacional no início das aulas por exemplo.
III- Considerações Finais
Ao elaborarmos esse trabalho podemos notar que atos políticos, econômicos e sociais estão ativamente agindo sobre a educação seja ele qual e quando for seu acontecimento ou momento histórico que debruçamos em análise.
Nesta ótica o estado varguista e educação praticada neste período se refletem como espelho da imagem da sociedade daquela época, que por suas intensas transformações e conflitos criam um cenário cheio de contradições mais repleto ao mesmo tempo de fascinação.